sexta-feira, 4 de novembro de 2016

UM EXAME CRÍTICO E HISTÓRICO DA ADORAÇÃO ISLÂMICA


UM EXAME CRÍTICO E HISTÓRICO DA ADORAÇÃO ISLÂMICA

Por João Flávio Martinez

O dr. Halley nos informa que Maomé, quando moço, visitou a Síria e entrou em contato com os cristãos daquela região, onde se encheu de horror pela idolatria que os tais seguidores de Cristo praticavam.

1. Parece que o profeta estava à procura de um Deus mais singular e único. Cansado da idolatria e do paganismo existentes em suas terras, esse conflito espiritual gerou em seu coração a sensação heróica de querer ser o “profeta da restauração”: “Eis aqui a religião de Deus! Quem melhor que Deus para designar uma religião? Somente a Ele adoramos!” (Surata 2:138).

Os historiadores Knigth e Anglin também comentam sobre o zelo do islamismo contra a idolatria: “No ano 726 d.C., Leão III, imperador do Oriente, assustado com o progresso dos maometanos, cujo fim conhecido era exterminar a idolatria e afirmar a unidade de Deus, começou, por interesse próprio, uma cruzada animada contra as adorações das imagens, e o zelo que mostrou nessa nova empresa logo lhe criou o nome de Iconoclasta, que significa quebrador de imagem”.


2. As imagens e a Igreja Católica Apostólica Romana

Quando o catolicismo começou a aderir às imagens de esculturas e aos desenhos de fatos bíblicos e de santos, a idéia não era ir contra os ensinamentos da Palavra de Deus, mas implantar uma didática pragmática para que o povo da Idade Média, leigo e analfabeto, pudesse aprender mais sobre as histórias bíblicas. O difícil foi conseguir separar a imagem da adoração idólatra, o que o catolicismo romano falhou miseravelmente ao dar plena evasão a uma prática tão condenada pela Bíblia Sagrada.

Até mesmo os livros apócrifos condenam tal prática. Por exemplo, no primeiro Livro de Macabeus é-nos contado que os judeus preferiram enfrentar a morte e ir contra o decreto do rei grego Antíoco Epifânio a terem de adorar as imagens do panteão mitológico da Grécia: “Erigissem altares, templos e ídolos [...] a obrigarem-nos a esquecer a lei e a transgredir as prescrições” (I Macabeus 1:47-49). Ou seja, a problemática católica teve início com uma boa intenção: instruir os incautos usando as imagens.

Nesse ínterim, os bárbaros “convertidos” ao cristianismo já haviam encontrado os representantes de seus ídolos em imagens católicas. O comércio dessas imagens e ídolos estava, desde então, gerando enormes recursos para a Igreja. O procedimento do clero, que vivia nas trevas da ignorância, sem se preocupar com o que realmente a Bíblia ensinava, e toda a conjectura dos acontecimentos mostravam que a idolatria seria a marca registrada da Igreja Romana. Em seu livro, As brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley relata que a “deusa mãe”, adorada pelos Teutões e Saxões (germanos), tinha sobrevivido à cristianização na pessoa da mãe de Deus — a Virgem Maria. Esses povos não tiveram dificuldades em assimilar a deusa Virgem Maria, pois viam nela a sua adorada “deusa mãe”. Por fim, só restava ao papa decretar o que já era fato, o que aconteceu em 787 d.C., no segundo Concílio de Nicéia, quando ele disciplinou a veneração de imagens.

Bem, você deve estar se perguntando porque estou explicitando algo sobre o catolicismo quando a minha intenção é falar de islamismo. É que, para nossa surpresa e concepção, o islamismo passou e está passando por uma transformação parecida: do zelo iconoclasta maometano ao desvio para a idolatria. Foi justamente isso que descobri em várias leituras que fiz sobre o mundo islâmico. Sempre tive no islamismo, devido à minha cultura ocidental, uma religião um tanto paradoxal e composta de doutrinas bem exóticas, mas não imaginava que tivesse alguma tendência à prática da idolatria.

Acredito que ídolos e analfabetismo sejam uma mistura perfeita para a incubação do misticismo popular, e como nos países muçulmanos a taxa de analfabetismo sempre foi muito alta, é possível que o islamismo venha seguindo, já há alguns séculos, o mesmo caminho que a Igreja Romana tomou na Idade Média. Isso não é de se admirar, porque, como veremos, o islamismo nasceu em meio a um ambiente pagão idólatra – a Caaba.

O Alcorão condena a idolatria?

Sim! As páginas corânicas são bem claras em relação a esta questão. A luta contra a adoração de imagens e ídolos parece ter sido uma das maiores empreitadas do profeta. A seguir iremos relacionar alguns textos que condenam a prática da idolatria. Gostaríamos que o leitor observasse que, para o islamismo, acreditar na Trindade também é pecado de idolatria. Vejamos:

“E quando viu despontar o Sol, exclamou: Eis aqui meu Senhor! Este é maior! Porém, quando este se pôs, disse: Ó povo meu, não faço parte da vossa idolatria!” (Surata 6:78).

“Porém, se Deus quisesse, nunca se teriam dado à idolatria. Não te designamos (ó Mohammad) como seu defensor, nem como seu guardião” (Surata 6:107).

“Porventura, enviamos-lhes alguma autoridade, que justifique a sua idolatria?” (Surata 30:35).

“Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniqüidade” (Surata 31:13).

“E permanecei tranqüilas em vossos lares, e não façais exibições, como as da época da idolatria; observai a oração, pagai o zakat , obedecei a Deus e ao seu mensageiro, porque Deus só deseja afastar de vós a abominação, ó membros da Casa, bem como purificar-vos integralmente” (Surata 33:33).

A Trindade como prática idólatra:

“São blasfemos aqueles que dizem: ‘Deus é o Messias, filho de Maria’, ainda quando o mesmo Messias disse: Ó israelitas, adorai a Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no paraíso e sua morada será o fogo infernal!’ Os iníquos jamais terão socorredores. São blasfemos aqueles que dizem: ‘Deus é um da Trindade!’, portanto não existe divindade alguma além do Deus único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles” (Surata 5:72-3; grifo nosso).
                                                  
A sentença para quem pratica a idolatria:

“Mas quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é indulgente, misericordiosíssimo” (Surata 9:5; grifo nosso).

Indícios de idolatria em algumas práticas islâmicas

A partir daqui, estaremos discrimando algumas práticas de adoração islâmicas que se chocam com a teoria doutrinária exarada no Alcorão. Construiremos esta análise fundamentando-a na concepção de diversos pesquisadores religiosos e esperamos que as referências citadas nos possibilitem tecer um julgamento equilibrado da tensão existente no ambiente de adoração islâmico. Vejamos:

Maomé – um profeta vaticinado por pagãos idólatras

No livro A vida do profeta Maomé, traduzido por Ibn Ishaq, é declarado: “Rabinos judeus, monges cristãos e adivinhos árabes prevêem o advento de um profeta...”.


3. A Bíblia, no entanto, diz: “Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa?” (Tg 3.11). Ou seja, de acordo com os ensinamentos de Deus, de uma mesma fonte não pode jorrar dois tipos de águas — ou a água é boa ou é má. Se Maomé foi profetizado por árabes pagãos isso coloca, até mesmo para os seus seguidores, uma dúvida latente sobre a autenticidade de seu ministério.

Caaba – a veneração à Pedra Negra

A Caaba é o santuário islâmico localizado no centro da Grande Mesquita, em Meca. Lugar sagrado dos muçulmanos, guarda a Pedra Negra, que, segundo a crença islâmica, fora dada a Adão depois de sua expulsão do paraíso.

Por ter sido levada pelo dilúvio, a Caaba fora reconstruída por Abraão e seu filho Ismael, que teriam embutido no ângulo Sudeste do cubo de pedra que formava a casa de Deus a Pedra Negra, trazida pelo anjo Gabriel. “Os muçulmanos contornavam a Caaba sete vezes, tocando ou beijando a Pedra Negra ao passarem por ela”.

4. A peregrinação para Meca, ou Hajj, é um dos pilares do islamismo. Essa viagem ao lugar do nascimento de Maomé deve ser feita por todo muçulmano pelo menos uma vez na vida, desde que dotado de condições físicas e econômicas.

Mantran comenta o seguinte sobre a Caaba:

“A partir do século V, Meca ficou sob o domínio da tribo de Qoraysh, quando um de seus membros, Qosayy, vindo do norte, eliminou a tribo de Khozaa e teve a habilidade para transformar Meca em um grande centro de peregrinação, reunindo em um só santuário, a Caaba, as principais divindades dos Árabes [...] Entre os árabes, essa Pedra Negra, provavelmente um meteorito, era (e é) objeto de veneração [...] reunindo ali as grandes divindades árabes, permitindo assim aos homens das caravanas satisfazerem sua crença numa ou noutra divindade”.

5 (grifo nosso). O prêmio nobel de literatura, dr. Naipaul, corrobora nesse sentido:

“... A peregrinação a Meca é mais velha do que o Islã, enraizada no antigo culto tribal árabe e incorporada pelo profeta às práticas islâmicas: a essa cultura, camada após camada de história”.

6. O dr. Salim Almahdy também faz a seguinte observação sobre a Caaba e a Pedra Negra:

“... Também já existia em Meca a Pedra Negra, por causa da qual as pessoas peregrinavam para Meca. Os peregrinos beijavam a pedra, prestando culto a Alá por meio dela”.

Todas as evidências fidedignas mostram que esse lugar foi o centro do paganismo na Arábia, adaptado ao islamismo pelos fiéis muçulmanos e mantido até hoje na essência de sua doutrina, onde na prática a Pedra Negra acaba recebendo tanta veneração quanto Alá.

Alá – mais um ídolo adorado na Caaba?

Para o historiador libanês, Albert Hourani, Alá não passava de mais um dos deuses e ídolos do paganismo:

“O nome dado a Deus era Alá, já em uso para um dos deuses locais (e hoje usado por judeus e cristãos de língua árabe como o nome de Deus)”.

7. Escritores e historiadores que corroboram que Alá era mais um deus entre o panteão pagão da Arábia:

Dr. Salim Almahdy, escritor e ex-islâmico:

“O islamismo, Alá e grande parte do Alcorão já existiam antes de Maomé. O pai de Maomé chamava-se Abed Alá, que significa escravo de Alá [...] A Enciclopédia do islamismo nos fala que os árabes pré-islâmicos conheciam Alá como uma das divindades de Meca [...] Segundo a Enciclopédia Chamber’s, ‘a comunidade onde Maomé foi criado era pagã, com diferentes localidades que tinham os seus próprios deuses, freqüentemente representados por pedras. Em muitos lugares havia santuários para onde eram feitas peregrinações. Meca possuía um dos mais importantes, a Caaba, onde foi colocada a pedra negra, há muito tempo um objeto de adoração [...] Alá era o deus lua. Até hoje os muçulmanos usam a forma do quarto crescente sobre as suas mesquitas. Nenhum muçulmano consegue dar uma boa explicação para isso. Na Arábia havia uma deusa feminina que era a deusa sol e um deus masculino que era o deus lua. Diz-se que eles se casaram e deram à luz três deusas chamadas as filhas de Alá, cujos nomes eram Al Lat, Al Uzza e Manat. Alá, suas filhas e a deusa sol eram conhecidos como os deuses supremos. Alá, Allat, Al Oza e Akhbar eram alguns dos deuses pagãos...’”(www.ictus.com.br).

Rushdie, autor de Versos satânicos:

“Pensai também em Lat e Uzza, e em Manat [filhas de Alá] Elas são os pássaros exaltados, e sua intercessão é de fato desejada [pelos muçulmanos]”

8. Mantran:

“Os árabes do Norte tinham crenças mais realistas: espíritos, djinns representados por árvore, pedras. Acreditavam também em divindades, muito numerosas, mas algumas eram veneradas pela maioria das tribos; as mais importantes entre essas divindades eram três deusas: Manat, Ozza e al-Lat, por sua vez subordinadas a uma divindade superior, Alá...”.

9. Mather e Nichols:

“Alá era uma divindade suprema já conhecida dos povos do Norte da Arábia”.

10. O que Maomé realmente fez foi substituir o paganismo politeísta por um paganismo monoteísta. Afinal, todas as evidências comprobatórias e históricas nos apontam para o fato de que Alá era um ídolo tribal.
               
Os amigos de Deus

No catolicismo romano é comum a reza aos “santos” mortos. O católico acredita que esses cristãos, que em vida fizeram grandes obras de piedade, possam, depois de mortos, ter acesso a Deus e realizar intercessões espirituais em favor dos vivos que fazem preces em seus nomes.

Estranhamente, algo parecido acontece com os muçulmanos. Na teologia islâmica, esses santos especiais são chamados de “amigos de Deus”. É o que nos conta o dr. Hourani:

“A idéia de um caminho de acesso a Deus implicava que o homem não era só criatura e servo dele, mas também podia tornar-se seu amigo (wali). Essa crença encontrava justificativa em trechos do Alcorão: ‘Ó vós, Criador dos céus e da terra, sois meu amigo neste mundo e no próximo’ (Surata 12:101).

“Aos poucos, foi surgindo uma teoria de santidade (wilaya). O amigo de Deus era o único que sempre estava perto dele, cujos pensamentos estavam sempre nele, e que havia dominado as paixões humanas que afastavam o homem dele. A mulher, tanto quanto o homem, podia ser santa. Sempre houvera e sempre haveria santos no mundo, para manter o mundo no eixo.

“Com o tempo, essa idéia adquiriu expressão formal: sempre haveria certo número de santos no mundo; quando um morria, era sucedido por outro; e eles constituíam a hierarquia que eram os governantes desconhecidos do mundo, tendo o qutb, o pólo sobre o qual o mundo girava, como seu chefe [...] Os amigos de Deus intercediam junto a ele em favor de outros, e sua intercessão tinha resultados visíveis neste mundo. Trazia curas para a doença e a esterilidade, ou alívio nos infortúnios, e esses sinais de graça (karamat) eram também provas da santidade do amigo de Deus.

“Veio a ser largamente aceito que o poder sobrenatural pelo qual um santo invocava graças para este mundo podia sobreviver à sua morte, e podia-se fazer pedidos de intercessão em seu túmulo. As visitas aos túmulos dos santos, para tocá-los ou orar diante deles, passaram a ser uma prática complementar de devoção, embora alguns pensadores muçulmanos encarassem isso como uma invocação perigosa, porque interpunha um intermediário humano entre Deus e cada crente individual. O túmulo do santo, quadrangular, com um domo abaulado, caiado por dentro, isolado ou dentro de uma mesquita, ou servindo de núcleo em torno do qual surgia uma zawiya, era uma feição conhecida na paisagem rural e urbana islâmica [...] Do mesmo modo como o Islã não rejeitou a Caaba, mas deu-lhe novo sentido, também os convertidos do Islã trouxeram-lhe seus próprios cultos imemoriais. A idéia de que certos lugares eram moradas de deuses ou espíritos sobre-humanos estava generalizada desde tempos muito antigos: pedras de um tipo incomum, árvores antigas, nascentes que brotavam espontaneamente da terra, eram encaradas como sinais visíveis da presença de um deus ou espírito ao qual se dirigia pedidos e se faziam oferendas, pendurando-se panos votivos ou sacrificando-se animais.

“Em todo o mundo onde o Islã se espalhou, tais lugares se tornaram ligados aos santos muçulmanos, e com isso adquiriram um novo significado [...] Alguns dos túmulos dos santos tinham-se tornado centros de grandes atos litúrgicos públicos. O aniversário de um santo, ou um dia especial ligado a ele, era comemorado com uma festa popular, durante a qual muçulmanos do distrito em torno ou de mais longe ainda se reuniam para tocar o túmulo, rezar diante dele e participar de vários tipos de festividades [...] Esses santuários nacionais ou universais eram os de Mawlay Idris (m. 791), tido como fundador da cidade de Fez; Abu Midyan (c. 1126-97) em Tlemcem, na Argélia Ocidental; Sidi Mahraz, santo padroeiro no delta egípcio, objeto de um culto em que os estudiosos viam uma sobrevivência em nova forma do antigo culto egípcio de Bubastis; e ‘Abd al-Qadir, que deu nome à ordem qadirita, em Bagdá [...] Com o decorrer do tempo, o profeta e sua família passaram a ser vistos na perspectiva da santidade. A intercessão do profeta no Juízo Final, acreditava-se comumente, atuaria para a salvação daqueles que tinham aceito a missão dele.

“Maomé passou a ser encarado como um wali, além de profeta, e seu túmulo em Medina era um local de prece e pedidos, a ser visitado por si ou como uma extensão do hadj. O aniversário do profeta (mawlid) tornou-se uma ocasião de comemoração popular; essa prática parece ter começado a surgir na época dos califas fatímidas, no Cairo, e estava generalizada nos séculos XII e XIV [...] O santo, ou seus descendentes e os guardiães de seu túmulo, podiam lucrar com sua reputação de santidade; as oferendas dos peregrinos davam-lhe riquezas e prestígios [...] Alguns exemplos disso foram observados nos tempos modernos: na Síria, o khidr, o misterioso espírito identificado com São Jorge, era reverenciado em fontes e outros lugares santificados; no Egito, coptas e muçulmanos comemoravam igualmente o dia de santa Damiana...”.

11. Em seu livro Entre os fiéis, o dr. Naipaul comenta a respeito da veneração que um paquistanês desenvolveu por um desses santos:

“Disse ele: ‘Existem categorias de fiéis. Alguns querem dinheiro, outros desejam uma boa vida no além [...] Eu desejo encontrar Alá. Você só pode fazer isso através de um médium. Meu murshid é o meu médium. Eu desejo amar meu murshid em meu coração. Alá está com meu murshid. E quando meu murshid entra em meu coração, Alá está comigo [...] Só posso conhecer Alá através do meu médium. O murshid não era o pir ou chefe da comunidade, como eu pensei [...] era o santo cuja tumba havia visitado”.

12. A Bíblia desaprova a intercessão dos santos católicos, dos “amigos de Deus” muçulmanos e de qualquer outra espécie de entidade. Somente a Jesus Cristo, o Filho de Deus, a Bíblia tem outorgado esse direito de interceder pelos homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5).

A veneração aos imãs

“Maomé, Fátima (filha do profeta) e os imãs eram vistos como encarnações das inteligências por meio dos quais o Universo foi criado. Os imãs eram vistos como guias espirituais no caminho do conhecimento de Deus: para os xiitas, vieram a ter a posição que os ‘amigos de Deus’ tinham para os sunitas”.

13. Procissões

Algo comum no catolicismo é uma romaria ou procissão em devoção a algum santo canonizado pela Igreja Romana. O que poucos sabem é que no Islã os tais “amigos de Deus” também recebem a mesma homenagem, principalmente entre os xiitas.

O dr. Naipaul, em uma de suas viagens por países islâmicos, fez uma observação a esse respeito quando visitava o Irã em 1979, no auge da Revolução Islâmica impetrada por Khomeini. Revolução que, devido ao rigor religioso, punia todas as pessoas, inclusive estrangeiras, que desrespeitassem as normas do Alcorão.

Vejamos o que ele nos informa:

“O islamismo tem seus próprios mártires. Uma vez por ano, desfilam seus mausoléus alegóricos pelas ruas; os homens ‘dançam’ com pesadas luas crescentes, ora balançando as luas de um jeito, ora de outro; os tambores batiam, e às vezes havia combates rituais com varas. As brigas de vara eram uma simulação de uma antiga batalha, mas a procissão era de luto e comemorava a derrota naquela batalha [...] A cerimônia — da qual participavam tanto hindus como muçulmanos — era essencialmente xiita, e a batalha tinha a ver com a sucessão do profeta, que fora travada no Iraque, que o homem especificamente pranteado era o neto do profeta”.

14. Quanto à procissão, a teologia bíblica só tem uma resposta, tanto para os católicos como para estes grupos específicos de islâmicos: “Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar” (Is 45.20).

Superstições islâmicas

“Mais difundida, na verdade praticamente universal no islamismo, era a crença em espíritos e a necessidade de descobrir um meio de controlá-los. Os jinns eram espíritos com corpos de vapor ou chama que apareciam aos sentidos, muitas vezes sob forma de animais, e podiam influenciar as vidas humanas; às vezes, eram maus, ou pelo menos travessos, e, portanto, era necessário controlá-los.

“Também podia haver seres humanos com poderes sobre as ações e vidas de outros, ou devido a alguma característica sobre a qual não tinham controle — o olho mau — ou pelo exercício deliberado de certas artes, que podiam despertar forças sobrenaturais. Era um reflexo distorcido do poder que os virtuosos, os amigos de Deus, podiam adquirir por graça divina. Mesmo o cético (escritor islâmico) Ibn Khaldun acreditava na existência da bruxaria, e que certos homens podiam descobrir meios de exercer poder sobre outros, mas achava isso repreensível. Havia uma crença geral entre os muçulmanos em que tais poderes podiam ser controlados ou contestados por encantos e amuletos colocados em certas partes do corpo, disposições mágicas de palavras e figuras, sortilégios ou rituais de exorcismo ou propiciação, como o zar, um ritual de propiciação, ainda difundido no vale do Nilo”.

15. Segundo o historiador Mantran, o próprio Maomé, quando começou a receber a revelação de Alá e do Alcorão, acreditou estar possuído por jinns e até pensou em cometer suicídio.

16. O que percebemos com todas essas conjecturas e colocações é que algumas vertentes do Islã, em determinadas localidades, além de terem adotado práticas idólatras do paganismo, abraçaram as superstições dos povos nômades da Arábia, e isso ainda permeia a religião do profeta com toda a sua força mística.

Equilibrando os fatos

Não queremos aqui desqualificar o Islã como mais uma religião monoteísta. Assim como não é justo classificar o cristianismo bíblico como idólatra, também não é razoável qualificar o islamismo alcorânico como tal. Porém, tanto o “cristianismo” expressado pelos católicos romanos, como o “islamismo” expressado pelos muçulmanos xiitas, em alguns pontos se desviam dos padrões sagrados exarados pelos Escritos Sagrados que arrogam professar. Estamos apenas fazendo um exame, de maneira generalizada, sobre pontos comuns no seio teológico da religião islâmica. Aliás, esse é um debate e preocupação que também tem afetado e gerado certa tensão entre os próprios pensadores islâmicos.

O que descrevemos e compilamos nesta matéria é uma censura contra uma religião que, apesar de levantar uma bandeira contra a idolatria e as superstições, abraça em seu rol de adeptos fragmentados grupos que na verdade se condenam em suas próprias práticas religiosas.

Sabemos que idolatria é adoração ou veneração aos ídolos ou imagens, quando usada em seu sentido elementar. Mas também pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, santo, pessoa, instituição, ambição, etc, que tomem o lugar de Deus, ou que diminuam a honra que lhe devemos prestar. Assim, idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas a certas entidades. E quando o islâmico venera a Pedra Negra, faz peregrinação a Caaba, reza ao pé do túmulo de um “santo” (pedindo sua intercessão), está, na verdade, praticando idolatria, pois invoca um intercessor que não é o Deus revelado na Bíblia.

A própria recitação, na qual o indivíduo tem de declarar para se tornar muçulmano, já é comprometedora em si mesma: “Não há outro Deus além de Alá e Maomé é o mensageiro de Alá”. Se Alá fosse de fato o Deus bíblico, não haveria necessidade de invocar um outro nome junto ao seu. A Bíblia diz: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos” (At 4.12). A salvação é só para aquele que invoca o nome do único Senhor: “Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Rm 10.9).

Facções islâmicas

Historicamente, o islamismo tem sido marcado pelo surgimento de movimentos, grupos e correntes de maior ou menor envolvimento político, de linhas fundamentalistas (conservadora) ou moderna. Cada uma delas com uma tendência de interpretação dos conceitos islâmicos. São eles: Os sunitas: subdividem-se em quatro grupos principais, cada um deles com uma escola de interpretação da sharia.

17; hanafitas, malequitas, chafeitas e hambanitas. São os seguidores da tradição do profeta Maomé, continuada por All-Abbas, seu tio. Calcula-se que 84% dos muçulmanos sejam sunitas. Para eles, a autoridade espiritual pertence à comunidade.

Os xiitas: também possuem sua própria interpretação da sharia. Seu nome deriva da expressão “shi at Ali”, partido de Ali, que foi marido de Fátima, filha de Maomé. Seus descendentes teriam a chave para interpretar os ensinamentos do Islã.

18. Os sufistas: enfatizam a relação pessoal com Deus e praticam rituais que incluem danças e exercícios de respiração para atingir um estado místico. São membros praticantes do sufismo os faquires da Índia e outras regiões da Ásia, e os dervixes; da Turquia. Vejamos algumas divergências doutrinárias entre os sunitas e xiitas:

Sobre a intercessão entre Alá e os seres humanos

19. Sunitas: acreditam que ninguém pode atuar como intercessor entre Alá e os seres humanos. “Diz: a Alá pertence exclusivamente o direito de garantir intercessão. A Ele pertence o domínio dos céus e da terra. No fim, é para Ele que todos serão retornados” (Surata 39:44).

20. Xiitas: para os muçulmanos xiitas, os doze imames; podem interceder entre a humanidade e Alá: “...os muçulmanos xiitas devem conhecer seu imame de modo a serem salvos, e os imames, assim como os profetas, claro, podem e intercedem pelos crentes perante deus na hora do julgamento...” (Nasr 1987, 261).

Sobre o papel e a condição dos imames dos dias atuais

21. Sunitas: para eles os imames xiitas atuais (por exemplo, os aiatolás); são humanos sem quaisquer poderes divinos, considerados apenas como muçulmanos virtuosos. Já os “doze imames” são particularmente respeitados por sua relação com Ali e sua esposa Fátima, a filha de Maomé. Os sunitas acreditam que Ali e seus dois filhos, Hassan e Hussein, foram altamente respeitados pelos três primeiros califas e companheiros de Maomé. Os sunitas também consideram herético imputar a seres humanos atributos de natureza divina tais como infabilidade e conhecimento de todos os assuntos temporais e cósmicos.

22. Xiitas: acreditam que os imames de níveis mais altos dos dias atuais (aiatolás) recebem sua orientação e iluminação espiritual diretamente dos “doze imames”, em contato contínuo com seus seguidores na terra todos os dias por meio de líderes espirituais contemporâneos. Os aiatolás, portanto, desempenham um papel mediador vital. Por causa de seu papel espiritual, os aiatolás não podem ser designados pelos governantes, mas apenas pelo consenso de outros aiatolás.

Notas:                                                              

1 Manual bíblico, Editora Vida Nova, São Paulo, SP, 1991, p.679.
2 História do cristianismo, CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001, p.97.
3 P. 33.
4 Uma história dos povos árabes, Hourani, A., Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 161.
5 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 55.
6 Entre os fiéis, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2001, p. 145.
7 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 33.
8 Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, p.114.
9 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 52.
10 Dicionário de religiões, crenças e ocultismo, Editora Vida, São Paulo, SP, 2000, p. 231.
11 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 167-9, 197.
12 P. 196.
13 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 191.
14 Entre os fiéis, Editora Cia das Letras, São Paulo, SP, 2001, p. 21.
15 Uma história dos povos árabes, Editora Cia. das Letras, São Paulo, SP, 2000, p. 211-2.
16 Expansão muçulmana, Editora Pioneira, São Paulo, SP, 1977, p. 59.
17 Também grafada como Charia, é o código de ética, que reforça as doutrinas e as práticas do Alcorão.
18 Monge muçulmano, mendicante, que vive em rigoroso ascetismo.
19 Religiosos muçulmanos que fizeram voto de pobreza.
20 São considerados descendentes da família do profeta Maomé.
21 Líderes religiosos xiitas.

22 Representante de Alá, seu porta-vos e líder do povo. Os quatro primeiros – Abu bakr, Omar, Otmã e Ali – são designados “Califas guiados corretamente” porque não há objeção por parte dos muçulmanos concernente às respectivas alegações que eles fizeram de ser os sucessores de Maomé.

O Alá da Bíblia é o mesmo que O Alá do Alcorão?


O que os muçulmanos pensam sobre o Deus da Bíblia e dos cristãos

Por Silas Tostes

Qual seria nossa reação ao ouvir um muçulmano afirmar que o Alá do Alcorão é o Deus da Bíblia? Apesar do pouco conhecimento que muitos possuem acerca do islamismo, não é difícil identificar as imensas diferenças que esta religião possui em relação ao cristianismo. Apesar deste abismo doutrinário que nos separa, esta é a crença islâmica: o Alá do Alcorão é o Deus da Bíblia! Nosso propósito, ao longo desta matéria, é demonstrar que isso é impossível, uma vez que o islamismo se opõe ao entendimento cristão de que há um único triúno Deus. Ressaltamos que não temos a intenção de denegrir o islamismo, mas somente expor seu entendimento sobre Deus. Ratificamos a necessidade desta abordagem em Defesa da Fé pelos seguintes fatores:

1. Há um avanço numérico islâmico. Tem sido noticiado pela imprensa que o islamismo possui muitos seguidores. Segundo Jaime Klintowitz, jornalista, o islamismo tem hoje 1,2 bilhões de adeptos.1 Isto representa um quinto da população mundial. O mesmo artigo informa que o islamismo governa cinqüenta países do mundo.2

2. Há um ardor missionário islâmico em ação e um ataque do islamismo contra as doutrinas cristãs. Sabemos que o islamismo esforça-se por difundir sua doutrina em todo o mundo livre. Isto é facilmente visto pelas mesquitas construídas e inúmeros livros escritos e publicados ao redor do mundo. Há nas últimas páginas do livro Islamismo Mandamentos Fundamentais, de Mohammad Ahmad Abou Fares, 25 fotos de mesquitas construídas no Brasil. Tem sido observado por nós que onde há uma mesquita há também um esforço de proselitização, o qual se dá por meio de distribuições de livros religiosos islâmicos e doações do Alcorão. Neste contexto, o islamismo se opõe às doutrinas cristãs por meio de regulares publicações.3

Uma precaução necessária

Para não criarmos problemas de comunicação, é importante esclarecer em que sentido usaremos a palavra Alá ou Alah, termo usado para Deus na língua árabe, tanto no Alcorão quanto na Bíblia. Se fôssemos ler em árabe o famoso versículo do evangelho de João: “Deus amou o mundo de tal maneira”, seria: “Alá amou o mundo de tal maneira” (Jo 3.16). Nosso problema não está no uso da palavra Alá, mas em entendermos se o Alá do Alcorão é o Alá da Bíblia.

Se faz necessário uma breve definição do que queremos dizer por Deus, como uma unidade absoluta no islamismo e como uma unidade composta no cristianismo. Sem isto, o entendimento do texto, para quem não está familiarizado com a doutrina da Trindade, ficará difícil. Por ora, basta afirmar que, segundo autores islâmicos e o Alcorão, Deus, no islamismo, é uma unidade absoluta, ou seja, há um único ser divino, em uma única essência divina. Por outro lado, Deus, no cristianismo, é uma unidade composta, ou seja, há só um Deus, mas três pessoas distintas, Pai, Filho e Espírito Santo, em uma única essência divina. Neste caso, as Pessoas são inseparáveis e indivisíveis, por isso que há um único triúno Deus.

Passemos, então, à explanação de como o islamismo crê que Deus é.

Alá seria o mesmo Deus da Bíblia?

Se o Alá do Alcorão é o mesmo da Bíblia, ficamos, então, com o dilema de como pode um Deus triúno (unidade composta) ser o mesmo Deus que não é triúno (unidade absoluta). Os muçulmanos resolvem este problema negando a autenticidade da Bíblia e se apoiando nas instruções do Alcorão.

No verso 46 do Sura 29, lemos o seguinte: “E não disputeis com os adeptos do Livro4, senão da melhor forma [...] Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos” (grifo do autor).

Como podemos ver, não é incomum os muçulmanos pensarem que a Bíblia testifica do mesmo Deus que o Alcorão, pois este conceito fica claro nesse verso, por meio da expressão: Nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.

Além disso, crêem que os personagens bíblicos Abraão, Ismael, Isaque, Jacó, Moisés, Jesus, entre outros, eram muçulmanos (Sura 2:136).

O professor Samir El Hayek, responsável pela versão do Alcorão em português, a qual é utilizada nesta matéria, expressa a mesma idéia: “Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos (destes, Abraão tinha aparentemente um livro — versículo 19 da 87ª Surata — e outros seguiam sua tradição), Moisés e Jesus, deixando cada um deles uma escritura... Não fazemos distinção entre qualquer um desses (profetas). Sua mensagem (no essencial) foi uma só (ou seja, Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, Moisés e Jesus pregaram uma única mensagem, que era a islâmica), e isso constitui a base do Islam” (último parênteses do autor).5 Sendo assim, teriam pregado o conceito islâmico de Deus.

Outro destacado pensador islâmico, Mohamad Ahmad Abou Fares, ao mencionar um trecho do Alcorão (Sura 4:150-152), confirma esta mesma idéia: “Estes versículos e muitos outros contidos no Alcorão nos ensinam a grande religião: a religião de Deus é uma só... desde de o início da criação até hoje... e até o fim!”6 (grifo do autor). A idéia que Fares procura provar é a de que cristãos e muçulmanos servem o mesmo Deus, e isto desde o princípio.

Ahmed Deedat, outra autoridade islâmica, também tenta provar que o Alcorão está certo quanto ao seu Alá ser o mesmo Deus da Bíblia. Faz isso citando uma nota de rodapé da Bíblia The New Scofield Reference Bible. Publicou a primeira página da The New Scofield Reference Bible, na qual se encontra a nota de rodapé nº 1, que diz: “Eloim (às vezes El ou Elah), na forma inglesa Deus (God), o primeiro dos três nomes primários da divindade, é um substantivo uniplural formado por El =forte e Alah = jurar, se obrigar por voto, implicando em fidelidade. Esta unipluralidade implícita no nome é diretamente afirmada em Gênesis 1.26 (pluralidade), e no verso 27 (unidade). Veja também Gênesis 3.22. Assim, a Trindade é latente em Eloim”.7

Deedat usa essa nota de rodapé como um argumento para sustentar o que se encontra em diversos textos do Alcorão (Suras 2:136, 138-140; 4:150-152; 29:46), ou seja, cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus. Faz isso porque a palavra Alah foi mencionada na nota. Reconhecemos que a nota da Bíblia The New Scofield Reference Bible faz bem ao mencionar a palavra Alah, pois Elohim é o plural de Eloah, do verbo alá em hebraico, que significa ser adorado, ser excelente, temido e reverenciado. No entanto, destacamos que se Eloim, plural de Eloah, que vem do verbo alá, é uma evidência de que cristãos e muçulmanos servem ao mesmo Deus, segundo Deedat, então o Deus alcorânico deveria ser uma unidade composta, como indica a palavra Eloim, plural de Eloah, e como explicou Scofield em sua nota de rodapé: “El =forte e Alah = jurar, se obrigar por voto, implicando em fidelidade. Esta unipluralidade implícita no nome é diretamente afirmada em Gênesis 1.26 (pluralidade), e no verso 27 (unidade). Veja também Gênesis 3.22. Assim, a Trindade é latente em Eloim.” Contudo, ele usa de seletividade para com a citação e ignora o fato de que a nota claramente ensina que o Deus verdadeiro é uma unidade composta, o que, por sinal, é bem antiislâmico.

Diante da enfática exposição desses testemunhos que concordam que o Alá do Alcorão é o Deus da Bíblia, e considerando muitos outros que foram aqui omitidos, ratificamos a necessidade de conhecermos qual é o entendimento islâmico sobre Deus, e como, neste contexto, os muçulmanos negam as doutrinas basilares da fé cristã. Entretanto, antes de fazê-lo, é importante entender o que levou Maomé a pregar o monoteísmo absoluto islâmico, rechaçando a doutrina da Trindade. Para tanto, precisamos saber o que significa shirk, conhecimento que nos dará base para entendermos o contexto no qual surgiu a crença islâmica de Deus. Passemos a defini-lo.

Como shirk é definido

Shirk é atribuir associado ou parceiro a Alá, ou seja, considerar algo ou alguém que não tem natureza divina como Deus e adorá-lo como tal. Este é o único pecado no islamismo que não tem perdão: “o homem se tornou culpado de shirk, adorador de ídolos”.8 Em outras palavras, adoração a ídolos (politeísmo) é shirk, pois é o mesmo que associar ou atribuir um parceiro a Alá, considerando-o Deus, quando esse não o é.

No Alcorão está claro que shirk é imperdoável, conforme vemos autenticado: “Deus jamais perdoará a quem lhe atribuir parceiros (associados); porém, fora disso, perdoa a quem lhe apraz. Quem atribuir parceiros a Deus comete um pecado ignominioso” (Sura 4:48; grifo do autor). Tal como este, outros textos participam da mesma concepção (Sura 4:116; 5:172).

John Gilchrist, pesquisador do islamismo, entende que a maior barreira entre os cristãos e os muçulmanos é o fato de que para o islamismo os cristãos cometem shirk ao adorarem Jesus, pois no entendimento islâmico, Jesus é apenas um profeta, e não Deus encarnado. Neste caso, isto seria associar alguém, uma criatura de Alá, a Alá, adorando-o como Deus, quando essa criatura ou alguém não seria Deus.

Gilchrist explica que a raiz da palavra parceiro é a mesma da palavra shirk, a saber yushraku.9 Segundo ele, os cristãos cometem shirk numa perspectiva islâmica, pois o Alcorão condena o entendimento cristão de que Jesus é o Filho de Deus (Sura 10:68). Os muçulmanos pensam que os cristãos associaram ou atribuíram Jesus a Alá, quando aquele (Jesus) era um mero mensageiro deste (Alá). Na verdade, sabemos que Jesus é eterno e nunca foi associado a Alá. Deus é triúno de eternidade a eternidade.

Os árabes pré-islâmicos eram idólatras

Os árabes pré-islâmicos criam que Alá tinha filhos e filhas. Estes eram deuses e deusas, ou gênios e gênias, que descendiam de Alá. Como seus descendentes possuíam natureza divina, por isso eram adorados como divindades por eles. Contudo, numa perspectiva islâmica, isto era o mesmo que associar ou atribuir parceiros a Alá. Temos suficiente informação no Alcorão sobre os árabes pré-islâmicos nesses termos, ou seja, eram idólatras e cometiam shirk.

No Sura 53:19-23, temos a menção de três deusas adoradas no período pré-islâmico: Al- Lát, Al-Uzza e Manata. Pensavam que estas eram filhas de Alá: “Considerai Al-Lát e Al-Uzza. E a outra, a terceira deusa, Manata. Porventura, pertence-vos o sexo masculino e a Ele o feminino? Tal, então, seria uma partilha injusta. Tais (divindades) não são mais do que nomes, com que as denominastes, vós e vossos antepassados [...] Não seguem senão as suas próprias conjecturas e as luxúrias das suas almas, não obstante ter-lhes chegado a orientação do seu Senhor!” (Maomé teria, então, trazido a orientação do seu Senhor contra o entendimento errado da idolatria); parênteses do autor.

O entendimento islâmico presume que Deus não tem nenhum Filho, porque Alá não faz sexo. Veja o Sura 6:100-102: “Mesmo assim atribuem como parceiros a Deus, os gênios, embora fosse Ele quem os criasse; e, nesciamente, inventarem-lhe filhos e filhas [...] Originador dos céus e da terra! Como poderia ter prole, quando nunca teve uma esposa, e foi Ele quem criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é o vosso Deus, vosso Senhor! Não há mais divindade além dele, Criador de tudo! Adorai-o, pois, porque é o guardião de todas as coisas” (grifo do autor).

Na prática, segundo esse texto, os seres (gênios) seriam deuses parceiros de Alá, aos quais os pré-islamicos atribuíram como parceiros a Deus, por serem seus descendentes e, por isso, foram condenados por Maomé como idólatras.

Como, então, o entendimento pré-islâmico pensava em Deus como alguém que tinha filhos e filhas conforme Maomé anunciava o monoteísmo, esses islâmicos achavam que ele (Maomé) tivesse sugerindo que todos os deuses formassem um só, como se fosse possível somá-los em um (Sura 38:5). Contudo, Maomé anunciava-lhes que havia somente um Deus e, neste sentido, o islamismo é semelhante ao cristianismo, pois prega a existência de um único Deus e condena a idolatria, mas, apesar dessa semelhança, Maomé ensinou que Deus não é triúno e, por isso, existe uma grande tensão entre o islamismo e o cristianismo. Munidos desse contexto, passemos agora a considerar alguns fatores que evidenciam que o Alá do Alcorão não é o Deus da Bíblia.

O Alá do Alcorão não teve filho

Começamos pelo Sura 112: “Dize: Ele é Deus, o Único. Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!”. Hayek diz o seguinte sobre esta passagem alcorânica: “A natureza de Deus é nos aqui, indicada em poucas palavras, de maneira que possamos entender [...] Ele é Uno e Único, o Uno e Único, a quem devemos adorar; todas as outras coisas ou entidades em que ou em quem pudermos pensar são as suas criaturas, de maneira nenhuma comparáveis a Ele [...] Ainda mais, não devemos pensar que Ele teve um filho ou um pai, porquanto isso seria querer imputar-lhe qualidades materiais, ao formarmos um juízo dele”.10

Ainda nesse contexto, o Sura 19:35 diz o seguinte: “É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! Quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é”. Hayek, ao comentar este verso, mais uma vez explica que Deus não pode ter um filho, porque não faz sexo: “Gerar um filho é um ato fisiológico que depende das necessidades da natureza animal do homem. Deus, o Altíssimo, é independente de todas as necessidades, e é derrogatório atribuir-lhe tal ato”.11

Percebemos que esse entendimento é fruto do desconhecimento da doutrina cristã. Perguntamos: quem afirmou que Jesus é Filho de Deus em termos carnais? É abominação e blasfêmia também para os cristãos imaginar que Jesus é Filho de Deus nessa condição. Não deveria haver tal barreira entre o cristianismo e o islamismo, pois este não é o ensino cristão sobre a filiação de Jesus. De fato, os cristãos não ensinam que Deus precisa fazer sexo para ter um filho, assim como não precisa de mãos para segurar, de pés para andar ou de pulmão para respirar e viver.

Mas como, então, os muçulmanos enfrentam as afirmações bíblicas que legitimam a filiação de Jesus? Ahmed Deedat alista algumas passagens, tais como Gênesis 6.2,4 (os filhos de Deus casaram-se com as filhas dos homens), Êxodo 4.22 (Israel é filho de Deus), Salmo 2.7 (Davi como filho de Deus) e Romanos 8.14 (os filhos de Deus são guiados pelo Espírito Santo), por meio das quais afirma que Jesus era Filho de Deus de uma maneira metafórica, como Israel, Davi e outros na Bíblia.12 Assamad interpreta as mesmas passagens concluindo que Jesus era Filho de Deus no sentido que era próximo de Deus pelo amor, assim como qualquer homem pode ser filho de Deus.13

Como podemos ver, as duas argumentações só provam que há mais de um uso para a expressão filho de Deus na Bíblia sem considerarem as passagens que definem Jesus como Filho de forma especial e única, nas quais Jesus é revelado como tendo a mesma natureza do Pai, assim como igualdade. Logo se percebe que tanto Assamad como Deedat não compreendem os vários significados bíblicos da expressão Filho Deus.

A idéia de que Jesus era um mero homem, um mensageiro (profeta), um ser criado, não divino, também é vista na citação, por parte de Ahmed Deedat, dos Suras 3:47 e 3:59. Fez isso para embasar sua opinião, como muçulmano, de que Jesus fora criado: “Este é o conceito islâmico do nascimento de Jesus. Pois para Deus criar um Jesus, sem um pai, basta simplesmente desejar. Se ele quiser criar um milhão de Jesus, sem pais, basta Alá desejar”.14

Deedat parece estar convencido de que Jesus não é Deus, pois entende que Ele nunca se declarou como tal. Procura provar sua opinião citando João 10.23-36 para explicar que Jesus é um com o Pai (v. 30), mas, segundo seu entendimento, somente em propósito. Jesus não seria Filho de Deus de uma maneira especial, como se fosse Deus, ou tivesse reivindicado sê-lo.15 No entanto, Deedat cai em contradição quando reconhece que o entendimento dos cristãos e dos judeus, quanto ao episódio da passagem, é claro. Ou seja, Jesus reivindicou ser Deus ao dizer que era um com o Pai, com a diferença de que os judeus não aceitaram isto, mas os cristãos, sim: “Os cristãos concordam com os judeus, Jesus realmente fez tal reivindicação (ser Deus); mas diferem nisto, não era blasfêmia para os cristãos, porque crêem que Ele é Deus”.16 A contradição de Deedat demonstra que no fundo ele sabe que Jesus realmente se declarou Deus! Ora, se Jesus nunca se declarou Deus, como judeus e cristãos entenderam isso? Como vieram a discordar desse ponto, se não houve reivindicação por parte de Jesus?

Assamad igualmente parece convencido de que Jesus não é Deus, pois Ele orava a Deus Pai e, nesse sentido, era como qualquer outro homem, como qualquer criatura de Deus, por isso conclui que Jesus não podia ser Deus encarnado: “Ele falava de Deus como meu Pai e vosso Pai, e meu Deus e vosso Deus (Jo 22.17). Essas palavras de Jesus relatadas na Bíblia demonstram que Jesus tinha a mesma relação com Deus que qualquer outro homem. Ele era uma criatura de Deus [...] Em sua agonia na cruz, Jesus exclamou: ‘Eloi, Eloi, lamma sabachthani?’. Que quer dizer: ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?’ (Mc 15.34)”.

Segundo Assamad, jamais tais palavras, proferidas na cruz por Jesus, poderiam ser pronunciadas por Deus, por isso diz: “O que temos aí é o grito de um homem indefeso e agonizante dirigido ao seu Criador e Senhor”.17 Cita então diversas passagens bíblicas em que Jesus orava, concluindo que Ele não podia ser Deus e que nada sabia sobre a Trindade pelo fato de ter sido sua prática a oração (Mc 1.35; Lc 5.16; Jo 17.3).

O aparente problema apontado por Assamad, por meio do qual tenta provar que Jesus não era divino, pois orava a Deus Pai, de fato não o é, pois havendo três pessoas na Divindade, uma fala com a outra, não só durante a encarnação, mas também antes e depois da mesma. Na realidade, podemos verificar grande semelhança entre o seu argumento e os das testemunhas-de-jeová, as quais, tal como Assamad, procuram intensificar a questão atacando a divindade de Jesus à luz das limitações decorrentes de sua encarnação.

Declaram que Jesus, pelo fato de ter sido homem, não podia ser Deus encarnado. É Claro que um ser humano se alimenta e passa por todas as vicissitudes decorrentes de sua natureza. Como homem, Jesus era tão humano como qualquer outro ser humano. Todavia, isso não consiste em prova de que não podia ser uma das pessoas da Divindade que se encarnou. Fez isso por um certo tempo, para que, assim, se cumprisse toda a Escritura e pudesse haver salvação para o homem. Não obstante, possuía natureza divina, mesmo que, voluntariamente, tivesse se limitado na manifestação de seus atributos divinos. Não há, no genuíno entendimento cristão, conflito no fato de Jesus, sendo Deus, ter-se tornado homem, mesmo que para isso tivesse se limitado, por um certo tempo, na manifestação plena dos atributos divinos.

O Alá do Alcorão não é triúno

Uma vez que Alá no Alcorão é uma unidade absoluta, é de se esperar que a doutrina da Trindade fosse claramente condenada no Alcorão. Há passagens no Alcorão que claramente se opõem à Trindade.

Hayek, ao comentar o Sura 2:135 (“Disseram: Sede judeus ou cristãos, que estareis bem iluminados. Responde-lhes: Qual! Seguimos o credo de Abraão, o monoteísta, que jamais se contou entre os idólatras”), disse o seguinte sobre a Trindade: “Os judeus, embora orientados quanto à Unicidade, procuraram falsos deuses, e os cristãos inventaram a Trindade ou a copiaram da idolatria”.18 Podemos ver, pelo comentário de Hayek, que o islamismo condena a Trindade, pensando ser ela o mesmo que idolatria. Percebemos que os posicionamentos islâmicos são profundamente antagônicos ao cristianismo.

Vejamos o que diz o Sura 5:73: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o um da Trindade! Porquanto não existe divindade além do Deus Único...” (grifo do autor). Veja também o Sura 4:171. Ressaltamos, porém, que os cristãos não crêem que Deus seja o um de uma Trindade, como se duas outras Pessoas tivessem sido associadas a Deus, mas ao contrário, crêem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um e somente um Deus, pois há somente uma essência divina; cada uma das Pessoas é Deus e possui a totalidade da essência divina; as Pessoas são eternamente inseparáveis e eternamente unidas nessa única essência divina; cada uma das Pessoas possui a mesma dignidade das outras duas, e, portanto, conseqüentemente cada uma das Pessoas são idênticas em essência, vontade, propósito, poder, eternidade e nos demais atributos. Sendo assim, a Surata 5:73 não faz referência ao entendimento bíblico e cristão de Deus.

Além desse erro de interpretação da Trindade por parte dos muçulmanos, existe a possibilidade de Maomé ter confundido o ensino cristão da Trindade com o triteísmo do Pai, Maria e Jesus. Se isto ocorreu, há a possibilidade de Maomé ter condenado a Trindade por causa de um entendimento errôneo, pois até mesmo os cristãos condenariam veementemente a Trindade nesses termos. Como teria ocorrido isso? Há dois versos que indicam que Maomé pensava que Maria também tinha natureza divina.

Citamos aqui o Sura 5:116, no qual se lê que: “E recorda-te de que quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Fosse tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e minha mãe por duas divindades, em vez de Deus?” (grifo do autor). Veja também o Sura 5:75. Aqui, constatamos, havia a crença ou o entendimento de que os cristãos adoravam Jesus e Maria como pessoas da Trindade.

Há duas possibilidades de como Maomé se convenceu de que a crença da divindade de Maria era aceita por cristãos. Talvez obteve este conhecimento por meio de uma obscura seita cristã chamada Collyridians, cujos adeptos adoravam Maria e lhe ofereciam um bolo em devoção chamado Collyris.19 Ou simplesmente o obteve por meio do que pensou ser verdade, segundo as aparências, pois alguns cristãos veneravam Maria em suas expressões populares de fé de tal maneira que poderia ter-lhes parecido que a divindade de Maria era uma doutrina cristã, o que é contrário ao ensino bíblico sobre ela.20

De qualquer maneira, o entendimento islâmico inicial quanto à Trindade, segundo antigos comentaristas islâmicos, supunha que essa fosse composta de Deus, Maria e Jesus: “Estes versos (Sura 5:75 e 5:116) são explicados pelo comentarista Jalalu’din e Yahya como sendo a resposta de Maomé à declaração que ouviu de certos cristãos de que há três deuses, a saber: o Pai, Maria e Jesus (Tisdall, The Original sources of the Qur’an)”.21 Outro grande comentador, Zamakhshari, também concorda que o Alcorão ensina a suposta crença cristã de que Deus, Cristo e Maria são três deuses, e que Cristo é o filho de Deus por Maria.

Assim, segundo Jalalu’din, Yahya e Zamakhshari, era isso que Maomé condenava, e não a doutrina como a conhecemos. O fato de Deus ser uma unidade composta não faz dele três deuses.22 Se pudéssemos remover esses mal-entendidos, então o islamismo veria que o cristianismo também prega o monoteísmo. Agora, passaremos a expor, brevemente, essas discordâncias doutrinárias.

Equívocos islâmicos na interpretação da Bíblia

1. Imaginar que a Trindade foi retirada da idolatria ou inventada pelo homem. De fato, a doutrina da Trindade é revelada implicitamente no Velho Testamento e explicitamente no Novo Testamento. A Bíblia e os cristãos que a seguem se opõem à idolatria, totalmente. As evidências bíblicas das Escrituras quanto à divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo são tantas que não podemos dizer que a doutrina da Trindade foi inventada pelos homens, ou copiada da idolatria. Temos também as evidências de que Deus é uma unidade composta nas Escrituras. Como, então, a doutrina teria sido retirada da idolatria ou inventada pelo homem? Será que isso não é uma tentativa para justificar o Alcorão? Aparentemente sim.

2. Imaginar que Jesus foi associado a Alá. Não é verdade que os cristãos crêem em Deus como o um de uma Trindade. Não é assim que a Bíblia revela Deus. Ele é sim uma unidade trina, composta de três Pessoas, que é eterna. Jesus, por isso, nunca foi associado a Deus. Ele é eternamente Deus. Nunca, no entanto, houve um momento em que Jesus deixasse de ser Deus para depois passar a ser associado a Deus. Os cristãos nunca cometeram shirk. Jesus é eternamente Deus.

3. Atacar a divindade de Jesus, tendo como base sua encarnação. Se a Bíblia revela que o Messias seria Deus em carne, quem somos nós para negar isto? Quem somos nós para limitar Deus naquilo que Ele quer e pode fazer? Certamente que para o Deus do impossível é possível voluntariamente se limitar em um corpo humano, se assim o desejar. A encarnação de Jesus não prova que Jesus não é Deus, e não nos dá base para rejeitarmos a Trindade. Ela simplesmente mostra que Deus, voluntariamente, se limitou em um corpo humano para morrer pelo homem que se havia perdido. Contudo, após sua exaltação, não possui limitações de um corpo humano. Somente assim Jesus poderia dizer que estaria onde dois ou três estivessem reunidos em seu nome. Ele está agora no pleno exercício da manifestação de seus atributos.

4. Ignorar todos os sentidos da expressão Filho de Deus na Bíblia. Por causa disso crêem que Jesus não é o Filho de Deus, pois Deus não faz sexo. Não é isso que os cristãos ensinam. Sabemos que a expressão Filho de Deus tem um sentido natalício, messiânico, assim como retrata um relacionamento filial entre Jesus e o Pai. Todavia, um de seus sentidos evidencia que Jesus se autodeclarava Deus, quando aplica a expressão para si, reivindicando igualdade e unidade com o Pai (Jo. 5:18-28; 8:28, cf. Jo 8.24,52-58). Há muitas passagens para fundamentarmos esse ponto em termos bíblicos. Certamente que nunca foi ensinado pelo cristianismo que Deus fez sexo com Maria, querendo, com isso, justificar o uso da expressão Filho de Deus. De onde será que o islamismo tirou tal idéia? Por que ainda a propaga? Certamente que esse não é o ensino cristão a respeito da expressão Filho de Deus.

5. Confundir a doutrina da Trindade com o triteísmo do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Afirmam que a doutrina da Trindade divide a deidade em três Pessoas divinas, separadas e distintas — Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. Isso seria triteísmo: três Pessoas distintas e separadas em três essências. Nós, cristãos, porém, não cremos assim, antes, que Jesus ensinou a unidade das Pessoas em uma única essência divina, ou seja, em uma unidade trina. De tal maneira que as pessoas são inseparáveis, mesmo internamente, na única natureza divina existente. Veja os seguintes textos bíblicos para a divindade de Jesus e sua unidade com o Pai em uma mesma essência: João 1.1,14,18; 5.18-28; 8.24,28,52-58; 10.30-38; 14.7-11. Como disse Jesus: se não pudessem crer no que Ele dizia, que cressem por causa das obras que Ele realizava: João 10.30-38; 14.11, entre suas realizações, sua ressurreição: João 2.18-22; 8.28, por meio da qual ficaria evidente que Ele era (e ainda é) auto-existente, eterno, com poder sobre a morte e, de fato, podia oferecer vida eterna ao que nele cresse: João 8.51.

6. Imaginar que a Trindade pudesse ser composta do Pai, de Maria e do Espírito Santo. Nunca passou pela cabeça de nenhum erudito cristão essa possibilidade. A doutrina da Trindade é baseada nas Escrituras, e estas não ensinam a Trindade dessa maneira. Vemos pelas Escrituras que Maria foi uma mulher escolhida por Deus, mas, como todas as criaturas, era apenas um ser humano.

O Alá do Alcorão não é o Deus da Bíblia!

À luz da revelação bíblica e alcorânica, afirmamos que:

Alá não é o mesmo Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é triúno, o do Alcorão não. Alá se define como uma unidade absoluta, mas o Deus da Bíblia como uma trina unidade composta. Alá não possui um filho, o Deus da Bíblia sim. Alá ataca, por meio do Alcorão, a doutrina cristã de Deus e a Divindade e a Filiação de Jesus, porém, estas foram reveladas, ao longo da história, por Deus nas Escrituras Sagradas, a Bíblia, por meio de suas muitas evidências.

Respeitamos as convicções islâmicas num contexto de liberdade religiosa, mas lamentamos que sua doutrina de Deus, tal como se apresenta no Alcorão, ataca a cristã. Percebemos que os muçulmanos não assimilaram, como convém, a doutrina bíblica de Deus. Atacam-na, mas não a compreendem. Não conseguem perceber que Deus se revelou ao homem como triúno. É lamentável que imaginem que Deus só pode ter um filho se fizer sexo. Não é nesse sentido que Jesus é Filho de Deus, como já afirmamos.

Costumo dizer que podemos passar uma eternidade discutindo doutrina, provavelmente não chegaremos a nenhum lugar. Contudo, nosso desejo é que os muçulmanos possam ter um encontro vivo e real com Jesus. Isto é possível, pois Ele ressuscitou, venceu a morte, portanto, pode se manifestar a todo aquele que crê. Só Ele pode perdoar pecados e salvar, pois para isto morreu pelo homem. Contudo, o homem, criado por Deus, precisa crer e clamar, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Não é preciso palavras quando há um encontro com o Jesus ressurreto, pois Ele ainda tem o mesmo poder transformador manifesto durante sua encarnação terrena.

Fazer um texto abordando as diferenças doutrinárias entre os cristãos e os muçulmanos não significa que não amamos os seguidores do Islã. Ao contrário. Nós os amamos e sabemos que o Senhor é poderoso para se revelar a eles.

Oremos pelos muçulmanos, e não nos deixemos levar pelos nossos preconceitos.

Notas:

1 Klintowitz, J. Islã: a derrota do fanatismo, revista Veja, São Paulo: Editora Abril, 1º de março de 2000, p. 46.
2 Ibid., p. 46.
3 Dr. Maurice Bucaille, A Bíblia, o Alcorão e a ciência. Abul Hassam Annaduy, O Islam e o mundo. Ulfat Aziz Assamada, Islam e cristianismo. Mohamad Ahmad Abou Fares, Islamismo Mandamentos Fundamentais.
4 Nesse momento, vale a pena esclarecer o que significa adeptos do Livro, pois esta expressão aparece com certa freqüência no Alcorão. Esta se refere a judeus e cristãos, como explica Ahmed Deedat: “Adeptos do Livro é um título muito respeitável pelo qual judeus e cristãos são tratados no Santo Alcorão. Em outras palavras, Alá está dizendo – “Ó pessoas instruídas!” “Pessoas com uma Escritura”, (Deedat, A. Christ in Islam. RSA, Islamic Propagation Centre, 1983, p. 32).
5 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM Editora Jornalística, 1994, p. 21.
6 Fares, M. A. Islamismo Mandamentos Fundamentais. Brasil, Editora Gráfica e Editora Monte Santo, p. 152.
7 Deedat, A. What Is His Name. RSA, Islamic Propagation Centre International, 1997, p. 28.
8 Maududi, A. A. Para Compreender o Islamismo. Brasil, Centro de Divulgação do Islã Para América Latina, 1989, p. 96.
9 Gilchrist, J. The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press, 1988, p. 326-327.
10 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM Editora Jornalística, 1994, p.757.
11 Ibid., p. 351.
12 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 28-29.
13 Assamad, U. A. O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p. 44-45.
14 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 24-25.
15 Deedat, A. Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 37.
16 Ibid., p. 38.
17 Assamad, U. A. O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p 39.
18 Hayek, S. El. O Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado. Brasil, MarsaM Editora Jornalística, 1994, p.20.
19 Gilchrist, J. The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press, 1988, p. 318.
20 Ibid., p. 319.
21 Ibid., p. 318.
22 Ibid., p. 318


Resposta Cristã à afirmação Islâmica de que Maomé foi profetizado na Bíblia

Resposta Cristã à afirmação Islâmica de que Maomé foi profetizado na Bíblia




O islamismo e o cristianismo são as duas religiões de maior porte no mundo atual. Ambas são as que mais se dedicam a missões. Suas crenças são semelhantes em muitos aspectos. São monoteístas, foram fundados por indivíduos específicos em contextos definidos e historicamente verificáveis, são universais, crêem na existência de anjos, no céu e no inferno, numa ressurreição futura e que Deus se manifesta ao homem por meio de uma revelação (ver matéria: Islamismo – desafio à fé cristã – Defesa da Fé no. 08 – p. 10-23).

Todavia, existem também diferenças óbvias entre elas, particularmente em relação à pessoa de Jesus, o caminho da salvação e a escritura ou escrituras de fé. Estas diferenças abrangem as doutrinas mais fundamentais de cada religião. Portanto, mesmo que ambos possam ser igualmente falsos, o islamismo e o cristianismo não podem ser verdadeiros ao mesmo tempo.

Toda religião que se iniciou depois do cristianismo tenta mostrar que é compatível com a Bíblia, esforçando-se para demonstrar que a Bíblia se refere a seu fundador ou fé(1). Assim sendo, não é surpresa descobrir que os muçulmanos também afirmem que seu fundador foi profetizado no Antigo e Novo Testamentos. Embora o islamismo não seja o único a afirmar ser validado pela Bíblia, suas afirmações poderiam ser consideradas verdadeiras? Nosso objetivo é examinar as declarações islâmicas para ver se cada uma delas são confiáveis. A razão deve ser evidente por si mesma: é muito fácil fazer declarações a respeito de si mesmo, prová-las, porém, torna-se mais difícil.
ANALISANDO OS VERSÍCULOS
Há alguns versículos secundários e menos específicos que os muçulmanos declaram ser profecias relacionadas a Maomé. Entretanto, os versículos que a maioria dos muçulmanos citam como os mais explicativos são Deuteronômio 18.15-18 e João 14.16; 15.26 e 16.7.

Em Deuteronômio 18: 15-18 lemos: O Senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis; conforme tudo o que pediste ao Senhor, teu Deus, em Horebe, no dia da congregação, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor, meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. Então, o Senhor me disse: Bem falaram naquilo que disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta no meio seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.

Estes versículos são tidos universalmente pelos muçulmanos como uma profecia relativa a Maomé(2). Há várias razões porque acreditam que essa passagem não pode ser uma referência a Jesus. Primeira, o Profeta Prometido deveria ser um Profeta Legislador . Jesus não apresentou nenhuma declaração referente a uma nova lei. Segunda, o Profeta Prometido seria suscitado não dentre Israel, mas dentre seus irmãos e Jesus era um israelita. Terceira, a profecia diz: ... porei as minhas palavras na sua boca...Os evangelhos não consistem nas palavras que Deus pôs na boca de Jesus, eles apenas nos contam a história de Jesus, o que ele disse em alguns de seus discursos públicos e o que os seus discípulos disseram ou fizeram em ocasiões diferentes. Quarta, o Prometido deveria ser um profeta. O ponto de vista cristão é que Jesus não era um profeta, mas o filho de Deus(3). Nesse sentido o muçulmano salientará semelhanças entre Maomé e Moisés. Cada um deles surgiu dentre idólatras. Ambos são legisladores. Inicialmente foram rejeitados pelo seu povo e tiveram de se exilar. Retornaram posteriormente para liderar suas nações. Ambos casaram e tiveram filhos. Após a morte de cada um, os seus sucessores conquistaram a Palestina.

A conclusão muçulmana é que esta profecia foi cumprida somente por Maomé: se estas palavras não se aplicam a Maomé, elas ainda permanecem sem cumprimento(4).

Antes de prosseguir, analisaremos primeiramente estes pontos. A primeira objeção levantada contra esta profecia ter sido cumprida em Jesus foi a de que Jesus não foi um legislador. Os muçulmanos que afirmam isso demonstram apenas falta de compreensão do Novo Testamento. Vejamos o Evangelho de João 13.34 e a Epístola aos Gálatas 6.2: Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos ameis a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo.

A próxima objeção foi que irmãos deve se referir aos ismaelitas, não aos próprios israelitas. Este argumento pode ser refutado facilmente. Basta verificar como o termo irmãos é usado na Bíblia. Um exemplo irrefutável encontra-se no próprio livro de Deuteronômio 17.15. Moisés instrui os israelitas: porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor, teu Deus, dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos. Ora, alguma vez Israel estabeleceu algum estrangeiro como rei? É claro que não! Escolher um rei dentre teus irmãos refere-se a escolher alguém de uma das doze tribos de Israel. Da mesma forma, o Profeta Prometido de quem se fala no livro de Deuteronômio 18 deveria ser um israelita.

Outra objeção à passagem de Deuteronômio 18.15-18 é que supostamente os evangelhos não consistem nas palavras que Deus deu a Jesus, dado extremamente importante à luz do versículo 18. Entretanto, dizer que Jesus não fala o que Deus Pai lhe orienta, revela, novamente, falta de conhecimento do Novo Testamento: Porque eu não tenho falado de mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito (Jo 12.49-50)(5).

Percebemos, outra vez, que os muçulmanos têm pouca familiaridade com o Novo Testamento. O próprio Jesus, profetizando sua morte iminente, disse que deveria continuar sua jornada até Jerusalém: Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém (Lc 13.33)(6).

O muçulmano salientará que as muitas semelhanças entre Moisés e Maomé ainda não foram explicadas. É verdade que existem muitas analogias, mas também muitas diferenças. Por exemplo, se Maomé era analfabeto como a maioria dos muçulmanos afirmam, então, ele não era como Moisés que foi instruído em toda a ciência dos egípcios... (At 7.22). Diz-se que Maomé recebeu suas revelações de um anjo. Moisés, porém, recebeu a Lei diretamente de Deus. Maomé não operou sinais ou milagres para corroborar o seu chamado. Moisés, entretanto, executou muitos sinais. Maomé era árabe, Moisés, israelita. Analisando os evangelhos, percebemos que Jesus era diferente de Moisés em alguns aspectos; em outros, muito parecido. Ambos eram israelitas, o que é muito importante à luz do que aprendemos acerca da expressão dentre teus irmãos. Ambos deixaram o Egito para ministrar a seu povo (Mt 2.15; Hb 11.27). Ambos renunciaram grandes riquezas, a fim de melhor se identificar com seu povo (Jo 6.15; 2 Co 8.9; Hb 11.24-26).

Dessa maneira, percebemos que tanto Jesus como Maomé tiveram semelhanças com Moisés. Em que sentido, então, este Profeta Prometido seria semelhante a Moisés? A resposta encontra-se em Deuteronômio 34.10-12, porquanto duas características peculiares de Moisés são mencionadas: E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face; nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; e em toda a mão forte e em todo o espanto grande que operou Moisés aos olhos de todo Israel.

Esta é uma referência direta a Deuteronômio 18.15-18. Referindo-se à profecia anterior, uma característica de Moisés é mencionada aqui: o Senhor conhecia Moisés face a face(7). Maomé nunca teve esse tipo de relacionamento com Deus. Deus é tão transcendente no islamismo que, exceto no caso de Moisés, nunca falou diretamente com o homem. Jesus, o verbo feito carne (Jo 1.14), é o único que teve relacionamento com Deus, assim como Moisés. De fato, o relacionamento de Jesus ultrapassa em muito o de Moisés: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1).

Pouco precisamos falar sobre a segunda característica de Moisés. Os muitos milagres que tanto Jesus como Moisés operaram são bem conhecidos. O próprio Alcorão testifica que Maomé não operou milagres(8), mas que Jesus operou milagres (9).

Finalmente, o próprio Jesus nos diz quem é o Profeta Prometido de Deuteronômio 18.15-18: Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele (Jo 5.46)(10).
EVANGELHO DE JOÃO 14.16; 15.26; 16.7
Os muçulmanos afirmam que os versículos referentes ao Consolador vindouro (Parácletos no original grego) são, na verdade, alusões à vinda de Maomé. A razão para tal afirmação está contida no Alcorão, o qual diz que seria enviado um apóstolo depois de Jesus, cujo nome será Ahmad (Alcorão 61.6). Yusuf Ali faz o seguinte comentário sobre este versículo: Ahmad ou Muhammad o Louvado é quase uma tradução da palavra grega Periclytos. No atual evangelho de João, XVI. 16 XV. 26 e XVI. 7, a palavra Confortador na versão inglesa é para a palavra grega Parácletos que significa Advogado, aquele chamado para ajudar um outro, um amigo, bondoso, mais que Confortador. Nossos doutores sustentam que Parácletos é uma leitura corrompida de Periclytos, e que no discurso original de Jesus havia uma profecia de nosso santo profeta Ahmad pelo nome(11). Esse é um dos motivos que leva os muçulmanos a acreditar que todas as nossas Bíblias foram corrompidas e que João realmente usou a palavra Periclytos nesses versículos, ao invés da palavra Parácletos.

Ao examinar a afirmação muçulmana de que o texto foi corrompido, a crítica textual deveria analisar criteriosamente a verdadeira evidência textual. Há mais de 24 mil manuscritos do Novo Testamento que datam antes de 350 d.C.(12). Não existe manuscrito algum que contenha essa citação e apareça a palavra periclytos. A palavra registrada todas as vezes é Parácletos. Não há evidência textual que possa apoiar a alegação de que o texto tenha sido corrompido. A posição muçulmana encontra ainda maiores dificuldades quando lemos cuidadosamente estes versículos para vermos o que Jesus estava dizendo. Poderíamos dizer muitas coisas a respeito de cada versículo. Limitaremos nosso exame às discrepâncias óbvias entre a posição islâmica e o que realmente está sendo dito: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador(13), para que fique convosco para sempre (Jo 14.16). Jesus disse que o Pai vos dará outro Consolador. A quem Jesus estava se dirigindo nesses versículos? Aos árabes ou, mais especificamente, aos ismaelitas? É claro que não. Ele está falando aos crentes judeus. Por conseguinte, o Consolador deveria ser enviado inicialmente a eles, não podendo logicamente referir-se a Maomé. Além do mais, este versículo afirma que o Parácletos, o Consolador estaria convosco para sempre. Como pode, então, referir-se a Maomé? O profeta muçulmano morreu e foi enterrado há mais de 1.300 anos.

O evangelho de João diz: o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós (Jo 14.17). Aqui, o Espírito da verdade é um outro título ou sinônimo de Parácleto. Vemos, a partir deste versículo, que o Parácleto estaria em vós. Reconciliar esta declaração com a posição islâmica é impossível.

A declaração do Senhor Jesus no Evangelho de João 14.26 desmonta completamente a hipótese islâmica de que Maomé era verdadeiramente aquele profetizado nos versículos, pois eles se referem ao Consoladorou Parácleto: Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Jesus disse que o Consolador é o Espírito Santo. Esta é a razão pela qual todos os apologistas muçulmanos não citam esse versículo .

O Consolador foi dado aos discípulos de Jesus. Maomé não foi seu discípulo. Jesus disse que os seus discípulos conheciam o Consolador: ...vós o conheceis (Jo 14.17) Eles não conheciam Maomé, que nasceu no século sexto depois de Cristo. Jesus disse que o Consolador seria enviado em nome de Jesus. Nenhum muçulmano crê que Maomé tenha sido enviado em nome de Jesus. Jesus disse que o Consolador não falaria de si mesmo (Jo 16.31). Em contrapartida, Maomé constantemente testifica de si mesmo no Alcorão(14). A Bíblia diz claramente que o Consolador iria glorificar a Jesus (Jo 16.14), e Maomé declara substituir Jesus, estando na condição de profeta superior.

O Senhor Jesus em Atos 1.4-5, ordenou a seus discípulos: ...que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Estes versículos poderiam honestamente ser aplicados a Maomé, que surgiu 570 anos depois, em Meca na Árabia? À luz do texto bíblico, a interpretação islâmica é impossível. O cumprimento das palavras do Senhor Jesus ocorreu dez dias depois, no dia de Pentecostes (Atos 2.1-4) e não seis séculos depois, a centenas de milhas de Jerusalém.

Concluímos, portanto, que não há base bíblica alguma para afirmar que o Profeta Prometido em Dt 18.15-18 e o Consolador em Jo 14.16; 15.26 e 16.7 sejam profecias relacionadas ao fundador do islamismo, mas, como a própria Bíblia Sagrada declara, o Profeta Prometido em Dt 18.15-18 é o Senhor Jesus (Jo 5.46) e o Consolador (Jo 14.16; 15.26 e 16.7) é a pessoa Bendita do Espírito Santo (Jo 14.26).
Notas
1 Por exemplo, Mani, no terceiro século, afirmou ser o Parácleto ou o Consolador de quem Jesus falou em Jo 14.16. Os Baha'is, que se originaram do próprio islamismo, acreditavam do mesmo modo que seu fundador Baha'u'llah fora predito na Bíblia. Os mórmons crêem que Ezequiel profetizou a vinda de uma de suas escrituras: O Livro de Mórmon.
2 Eles acreditam que o Alcorão refere-se a isso na surata 7.157.
3 Hazrat Mirza Bashir-Ud-Din Mahmud Ahmad, Introduction to the Study of the Holy Quran (London: The London mosque, 1949), pp 84-94. Também cf. Ulfat Aziz-Us-Samad, Islam and Christianity (Karachi, Pakistan: Begum Aisha Bauany Wakf, 1974), p. 96.
4 'Abdu 'L-Ahad Dauud, Muhammad in the Bible (Kuala Lumpur: Pustaka Antara, 1979).
5 também cf. Jo 7.16; 8.28
6 Também cf. Mt 13.57; 21.11; Lc 7.16; Jo 4.19; 6.14; 7.40; 9.17.
7 Ver. Ex. 33.11
8 Ver. Alcorão 1.59; 1.90-93; 6.37; 6.109.
9 Ver. Alcorão 5.110.
10 Ainda cf. Lc 24.27.
11 Abdullah Yusuf Ali, op. cit., p. 1540 (Também cf. p. 144).
12 A cópia mais antiga do Evangelho de João é o Papiro 75, datado entre 175-225 D.C. A palavra ali encontrada é Parácletos e não pariclytos, como querem os muçulmanos.
13 A palavra grega Parácletos pode ser traduzida por Confortador, Conselheiro, Advogado ou Ajudante.
14 Ver. Alcorão 33.40.
Fonte: Revista Defesa da Fé



Defesa da fé - Reposta cristã aos muçulmanos

MOTIVOS PARA O TERRORISMO NO FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO

Answering Islam

Desde o dia 11 de setembro, quando ocorreu o maior ataque terrorista da historia as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, nunca se viu uma tentativa tão insistente por parte da liderança islâmica em mostrar ao mundo que a sua religião não patrocina o terror e muito menos defende o uso da violência contra os não-muçulmanos. Através dos meios de comunicação, os muçulmanos afirmam que ações de como a que ocorrreu nos Estados Unidos não fazem parte da visão islâmica de conversão dos ‘infieis’ e não são modelo de oposição aos que não apóiam o islã no mundo.

É verdade que muitos muçulmanos não compartilham desta visão de Jihad1, principalmente os mais intelectuais e transculturados, como é o caso do moderado Mohammad Kathami, primeiro- ministro do Irã, que conduz, mesmo sob forte oposição dos religiosos, uma reforma social nunca vista desde a revolução fundamentalista do Aiatolá Komeini.

Mas, por outro lado, toma-se dificílimo ver o islamismo com bons olhos. Isto porque a responsabilidade de aproximadamente 50% dos atentados terroristas em todos os cinco continentes do mundo, com milhares de vítimas, é de grupos islâmicos fundamentalistas, que reivindicam a autoria dos crimes. E contam com o apoio dos governos dos Estados islâmicos, como Argélia, Iraque, Irã, Arábia Saudita, Afeganistão, Indonésia, Líbia e Mauritânia, entre outros.

E mais. Os atos terroristas que apavoram o mundo é visto pela grande maioria da população dos países islâmicos não como uma ação criminosa hedionda, mas como uma defesa, um ato altruísta, e os suicidas envolvidos nestas ações passam a ser mártires, jamais assassinos. Quando se viu nos noticiários o julgamento e a condenação desses radicais e seguidores. Ou, quando se viu uma campanha oficial desses países para conter os movimentos radicais?

O fato de que quase a metade, aproximadamente, dos atentados terroristas em todo o mundo ser de origem ideológica muçulmana nos leva a algumas perguntas: Há alguma ligação entre o terrorismo e o islã? Há algum apoio direto ou indireto para este tipo de ação? Por que tanto ódio contra países cristãos e a cristãos residentes nessas nações? Por que as nações árabes mais fundamentalistas são responsáveis pelas maiores agressões aos direitos humanos? Seria isto apenas uma coincidência?

É preciso conhecer a história do islamismo e a sua doutrina para que estas perguntas sejam respondidas apropriadamente. Ainda que apenas algumas delas, pois jamais haverá respostas para todas. Cremos, no entanto, que, com algumas 'evidências' encontradas na história de Maomé (Mohammad) e no próprio Alcorão, um feixe de luz é lançado nestas questões.

Maomé e os conflitos que envolvem sua história

Durante o período em que Maomé falou acerca da sua nova religião, considerando-se um profeta, ele foi duramente perseguido e odiado por muitos de Meca (cidade onde nasceu em 25 de abril de 571 da era cristã), pois a sua mensagem era oposta às religiões politeístas do povo daquela região e época.

Houve uma grande perseguição contra o 'profeta’ inclusive um grupo tentou tirar-lhe a vida, mas ele mais uma vez conseguiu escapar2. Após dura perseguição em Meca, alguns dos seus seguidores foram enviados para refúgio na Etiópia. Outros seguiram para uma cidade mais ao norte, Yathiib, onde as pessoas de duas tribos árabes queriam que Maomé fosse também o profeta deles.

Durante o período em que Maomé viveu em Meca, antes da fuga para Medina, ele não recebeu nenhuma mensagem de ‘Allah’ permitindo a guerra. E, apesar do risco de vida e da vigilância constante dos primeiros muçulmanos para guardá-lo, inclusive sob vigilância armada, a ordem de Deus em Meca foi para que ele fosse paciente e não usasse de violência para com os seus opositores.

Mas logo após, segundo os muçulmanos, a guerra foi sancionada por ‘Allah’ em MNedina, havendo debate entre os próprios muçulmanos sobre qual capítulo do Alcorão realmente retratava esta primeira ordem divina para o uso da forca3.

Algo curioso que pode ser percebido claramente nos relatos da vida de Maomé, e que demonstra que ele era um estrategista, é que, apesar da violência constante dos habitantes de Meca contra ele e seus seguidores por um período de aproximadamente 13 anos, não vemos nenhuma ação de Maomé contra seus inimigos, a não ser quando chegou em Medina, onde possuía mais seguidores dispostos a segui-lo na guerra. E foi justamente isso que fizeram, por volta do ano 630 AD. Ele retorna a Meca e, numa luta armada, toma a forca a cidade do poder Coreishe.

Apesar de ouvirmos muçulmanos constantemente afirmarem que só agem em defesa própria, a historia do ‘profeta’ demonstra que não é bem assim. Maomé revidou os agressores quando possuiu um número suficiente de guerreiros.

Um caso bastante conhecido pelos próprios muçulmanos é a morte de Abu Afak, um judeu de 120 anos que tinha criticado abertamente Maomé. Após sentir a forma resistente que Abu Afak se lhe opunha, Maomé perguntou: "Quem tratará com este desonesto por mim? Imediatamente Salim B. Umayr seguiu em frente e matou-o".4

Abu Afak, pela sua atitude crítica, teve um fim trágico, sendo assassinado por Salim lbn Umayr, um dos seguidores de Maomé, enquanto dormia, e isso com o consentimento do próprio profeta.5

Outros casos como a morte de Abu Afak e de uma mulher chamada Asma D. Marwan, assassinada por Umayr Adiy AI-Khatrrú, entre outros, estão registrados por Abdullah lbn Abbas em seu livro "The Hadith of ABU Dawud Book 38, nº 4348".

Histórias ainda mais terríveis continuam sendo escritas por radicais muçulmanos de grupos como o Al Quaed, de Osama bin Laden, oabu Nidhal (grupo extremista palestino fundado em 1974 por Sabri AI Banna Ramas), o Hezbollah (movimento radical libanês que emergiu nos anos oitenta e cuja açao se baseia na doutrina do Aiatolá Khomeini, visando destruir a influência ocidental no mundo islâmico) e o Jihad Islamica (grupo fundamentalista egípcio que visa derrubar o regime de Hosni Mubarak e criar, em sua substituição, um Estado Islâmico).

Como é possível uma religião que diz hastear a bandeira de paz e da boa convivência com os não-islâmicos perseguir e maltratar milhares de pessoa sem todo o mundo? Não há um paralelo entre o comportamento dos atuais muçulmanos e a historia do fundador do islamismo?

Qual foi a atitude de Jesus Cristo diante de seus inimigos? "Como uma ovelha muda, foi conduzido diante dos seus agressores” (Is 53.7). Como o Senhor reagiu a atitude de Pedro quando este agrediu Malco, servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha com um golpe de espada (Lc 22.50)?

O aumento de agressividade registrado no alcorão

No Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, encontram-se as seguintes declarações:

“Combatei-os ateh sufocar a intriga e fazer com que o culto seja totalmente a Deus...” (Surata 8:39)

“Mas qudndo os meses sagrados houverem transcorrido, matai-os idolatras onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os, espreitai-os; porem, caos se arrependam, observem a oração e paguem o tributo, deixai-os em paz. Sabei que Deus eh indulgente, misericordiosíssimo” (Surata 9:5 – grifo nosso).

“O crentes, em verdade os idolatras são imundos. Que depois deste ano não se aproximem da Sagrada Mesquita!... (Surata 9:28).

“Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem se abstém do que Deus e Seu Apostolo proibiram, não professam a verdadeira religião daqueles que receberam o livro, até que eles, submissos, paguem o tributo” (Surata 9:29).

“O crentes, que vos sucedeu quando foi-vos dito para partirdes ao combate pela causa de eus e vos ficastes apegados a terra?... Se não marchardes para o combate, Ele vos castigará severamente...” (Surata 9:38,39).

"Quer estejais leve ou fortemente armados, marchai para o combate e sacrificai vossos bens e pessos pela causa de Deus!..." (Surata 9:41).

E quando vos enfrentardes com os incrédulos, em batalha, combatei-os até que os tenhais dominado, tomai os sobreviventes como prisioneiros... quanto àqueles que houverem sido mortos pela causa de Deus, Ele jamais desmerecerá suas obras" (Surata 47:4).

O que dizer de textos como esses? Qual a interpretação pacifista que poderia ser aplicada a sentenças tão severas e explícitas como essas? É certo que a grande massa popular muçulmana leva ao pé da letra essas ordenanças corânicas, e o resultado é tudo isso que estamos vendo.

Maomé ensinou aos seus seguidores que judeus e cristãos deveriam pagar a ‘Jizya’ (uma taxa imposta para que todos os não-muçulmanos pudessem viver segurança' do Islã). Todos eles deveriam se converter à mensagem proclamada por Maomé, caso contrário seriam mortos. Era necessário que pagassem uma quantia estipulada para que pudessem ter seus 'direitos' mantidos pelo profeta e por seus seguidores, que, se encontravam em uma situação favorável e ideal para impor o que desejassem aos 'infiéis' e 'idólatras'.

Devemos entender um pouco o contexto no qual esta revelação fora dada a Maomé. Na ocasião, o 'profeta' havia entrado em acordo com várias tribos árabes, e algumas delas abraçaram sua mensagem, outras, no entanto, simplesmente não a aprovaram. Então, mais uma vez, as coisas mudaram, daí a permissão de 'Alláh' para a perseguição contra os idolatras árabes. Ate então, muitos desses árabes possuíam um relacionamento amigável com os muçulmanos, apesar de não acatarem a mensagem pregada por eles. Mas, devido ao fato de o relacionamento entre os árabes e os muçulmanos não ter redundado em submissão total daqueles a mensagem desses, o acordo fora quebrado e, mais uma vez, vimos, de forma clara, o alto preço pago pela insubmissão e incredulidade: a morte.7

O terrorismo imposto aos apostatas

Alem da opressão e ameaças para os de fora, um outro aspecto histórico e doutrinário bem definido no islamismo eh o preço que se paga pelo abandono da fé muçulmana. Na mensagem de Maomé, eh equivalente à perda total do valor espiritual.

O alcorão traz uma declaração sobre o assunto:

“...Os incrédulos, enquanto podem, não cessarão de vos combater, ate vos fazerem renegar vossa religião; porem, aqueles dentre vos que renegarem a sua fé e morrerem incrédulos desmerecerão suas obras neste mundo e no outro, e serão condenados ao fogo infernal, onde permanecerão eternamente.

“Aqueles que creram, migraram e combateram pela causa de Deus poderão esperar d’Dele a misericórdia, porque eh Indulgente, Misericordiosissimo (Surata 2:217,218).

Embora não vejamos nesse texto do Alcorão nenhuma ordem para assassinar qualquer pessoa que abandone a mensagem do islã, ele, no entanto, nos mostra algo de suma importância para a compreensão da questão relacionada a apostasia entre os muçulmanos. Vemos, de forma clara, que o ‘profeta’ incentiva os fieis a permanecerem no Islã, pois renegá-lo seria equivalente a condenação no inferno, onde ficariam para sempre!

Em um outro livro islâmico, lemos: “Um muçulmano eh considerado um apostata quando nega total e categoricamente um preceito pela religião islâmica, como a pratica da oração, o jejum, a peregrinação, o pagamento do tribuno, a proibição da ingestão de bebidas alcoólicas e a alimentação com carne suína”.

Os jurisprudentes opinam que, se o apostata tiver duvida no tocante à sua conversão, os sábios devem sanar-lhe a duvida, indicando-lhe o caminho da razão e dando-lhe a oportunidade de refletir. Se ele se arrepender, o seu arrependimento deverá ser aceito. Se persistir no erro, porém, devera ser punido, se for homem, com a morte. Os jurisprudentes baseiam sua sentença nas palavras do 'profeta': "Matai aquele que renegar a sua religião".

Em relação à mulher, caso ela venha cometer o mesmo erro, a opinião de alguns . jurisprudentes é de que ela também seja punida com a morte', e se baseiam na generalidade da tradição anterior, cujo significado abrange homens e mulheres. Todavia, o Imame Abu Hanifa não concorda com essa sentença. Ele diz: "A mulher apóstata não dever ser punida com a morte, mas deve ser aprisionada até que se convença de seu erro, ou até que pereça naturalmente...” Contudo, deduzimos que a opinião geral da jurisprudência islâmica aprova a execução do muçulmano apóstata, seja homem ou mulher8.

Esta é a face mais cruel e desumana de uma religião: vetar aos seus membros o direito de renegá-la, sob pena de morte. Trazer uma mensagem de paz e tolerância aos povos, impondo-lhes a sua opinião e fazendo que sua vida tenha pouco valor não tem muito significado ou razão de ser.

Tudo isso nos faz pensar sobre a atitude do próprio Jesus Cristo (que é citado no Alcorão) ao ser traído por um dos discípulos após uma convivência de aproximadamente três anos. Qual foi exatamente a sua resposta ao ato de Judas Iscariotes? Ele mandou que os outros discípulos o matassem por apostasia? Ou simplesmente ofereceu-lhe o perdão, chamando-o de amigo (Mt 26.49-50)?

Segundo o dicionário Aurélio, terrorismo eh: “Modo de coagir, combater ou ameaçar pelo uso sistemático do terror”. O que sinceramente temos visto em todas essas citações de fontes islâmicas desde o inicio?

A passividade do terrorismo no Islã

Após analisarmos, ainda que resumidamente, a historia muçulmana e a origem da violência nas comunidades islâmicas do passado, conduzidas pelo ‘profeta’ Maomé, podemos entender um pouco a questão do terror nos paises que hoje tem sido vitimas dessa ação estúpida e inconseqüente.

Como falamos no inicio, cerca de 50% dos atentados terroristas ocorridos em todo o mundo tem sua origem nos grupos explicitamente islâmicos, o que certamente tem muito a ver com a própria cronologia dessa religião e suas conquistas a base da espada, inspiradas em seu fundador. Os muçulmanos, inclusive, dizem que a referencia do Salmo 45.2-5 eh uma citação ao’profeta’ Mohammad, que afirmam ser o ‘Profeta da Espada’.

Vimos na revista Veja, edição de 08/08/2001, o relato dos crimes cometidos pelo iraniano Saeed Haanayi: assassinou, a sangue frio, cerca de dezesseis prostitutas. Apesar da barbárie cometida por esse fanático, ele tem sido considerado um herói pela próprias autoridades da cidade em que os crimes foram realizados. Na referida revista, Saeed aparece segurando uma arma na mão e o Alcorão na outra.

Em julho de 1991, um muçulmano assassinou Hitoshi Igarachi, um japonês que traduziu o livro “Versos satânicos” no Japão. Um líder islâmico se pronunciou dizendo que aprovava o que havia sido feito, pois Hitoshi insultara a fé.

Estes não são fatos isolados dentro dos paises de governos muçulmanos. A igreja cristã está sendo ferozmente perseguida, na sua maior parte, em nações islâmicas, como podemos constatar na lista editada pela Missão Portas Abertas (ver pp. 24 e 25).

Os muçulmanos não aceitam, de nenhuma forma, uma convivência pacífica com outros grupos que professam fé diferente da deles, e seguem realizando sua Jihad. Isto é, sem dúvida, fruto da visão de expansão da fé muçulmana ensinada, desde os primórdios do islamismo, pelo 'profeta' Maomé.

Qual é a visão do Islã hoje?

"Graças a Deus, senhor do universo e que a paz esteja com o profeta Mohammad e seus familiares e companheiros. A pessoa que se concentra sobre o mundo muçulmano de hoje fica chocado e deprimido... Uma parte dos filhos dos macacos e dos porcos mata nossos irmãos na palestina nas mesquitas! Agridem a imunidade sagrada da mesquita de Al Aksaa em Jerusalém! Não distinguem entre crianças, mulheres ou velhos.

O mundo árabe e islâmico e todo o resto da comunidade internacional esta em absoluto silencio a respeito deste crime. Achamos que eh nosso direito perguntar:

“Qual o fator que fez os muçulmanos ficarem em silencio deste jeito?

“Para responder a esta pergunta eh imprescindível ler a historia, voltar para as nossas origens, e retirar lições e exercícios de civilidade e amor a verdade.

“Nesta historia vamos encontrar varias crises que se abateram sobre os muçulmanos... os muçulmanos em todas as ocasiões venceram seus inimigos... Khaled Iben Al Walid, um dos comandantes do exercito muçulmano na época do profeta, ele dizia para os inimigos: ‘Vim para o combate com homens que amam a morte como vocês amam a vida’.

“Pois a nação Mujahidah, que luta pela causa de Deus não conhece o cansaço, mas se apaixona pelo martírio e defende sua terra e seus locais sagrados.

“O profeta Mohammad (Saw) disse para os seus companheiros e para a nação islâmica: ‘caso vocês deixem o Jiha, a luta, Deus mandara um opressor para vocês ate o dia do juízo final’. O profeta alertou sobre uma doença de nome ‘Wahn’, que significa a fraqueza. O profeta traduziu a palavra ‘Wahn’, da seguinte maneira: ‘O amor pela vida mundana e o ódio a morte’.

“A nação islâmica de hoje gosta da vida mundana e odeia a mote... Esta eh a doença... Meus irmãos muçulmanos, o que podemos esperar da opinião publica internacional?

“O mundo se cala quando morrem crianças palestinas todos os dias...

“Mas o mundo se movimenta quando morre um judeu agressor, que deixou o seu pais na Europa ou América do Sul e foi ocupar terras alheias, a terra palestina...

“O mundo não vai se movimentar para nos apoiar, se nos não apoiarmos uns aos outros.

A nossa alternativa eh o nosso retorno a Deus, a crença sincera em nossos direitos e a luta por estes direitos através de todos os meios disponíveis.

"Esta deve ser a nossa paz e que digam o que quiserem sobre nós... e que (Deus) amaldiçoe os sionistas usurpadores e que com todos vocês".

São essas as partes mais importantes da mensagem pregada em 17108/01 por Khaled Tky El Din Rizk e reproduzidas em várias mesquitas do mundo inteiro ao proclamar o povo muçulmano a lutar pelos seus 'direitos'. Apesar de todo discurso de paz dos muçulmanos que temos ouvido nos meios de comunicação, é exatamente o contrário que temos percebido na prática.

Os judeus são chamados de 'filhos dos macacos e dos porcos', os muçulmanos devem 'amar a morte' e serem 'apaixonados pelo martírio'. São induzidos a alcançar seus direitos através de todos os meios disponíveis. E interpretam o Jihad como uma luta, e não como um 'esforço', como constantemente é pregado pelos professores e intelectuais para suavizar os ouvintes e não causar impactos negativos. O objetivo é alcançar mais seguidores para o islamismo.

A recompensa o terrorismo

Depois de pregação de uma mensagem como essa, divulgada em todo o mundo, da para imaginar o impacto causado na mente dos milhões de muçulmanos que a ouviram?

O que esta por trás do fanático heroísmo demonstrado por verdadeiros batalhões de homens e crianças que se preparam para morrer pela crença islâmica? Que ‘galardão’ lhes esta proposto a ponto de fazerem do próprio corpo um veiculo para a catástrofe de pessoas inocentes?

A tradução da palavra Islã eh resignação ou submissão – a doutrina de Maomé. Espera-se que o Islã ganhe, finalmente, o mundo, então todos serão julgados por Ala. Enquanto o muçulmano deve ser submisso a Ala e ao profeta, através de seus escritos no Alcorão, o mundo deve resignar-se e submeter-se também ao Islã. Os meios podem incluir a força, a violência e a morte. As constituições das nações árabes estão alicerçadas nas crenças do islamismo.

Os muçulmanos com ao morrerem, vão para uma espécie de estágio int diário aguardar o juízo final, ocasião em que Alá decidirá o destino eterno de cada um. Por outro lado, os mártires da luta religiosa, ou guerra santa, e aqueles que morreram pela causa, vão diretamente para o céu, um paraíso de prazeres. A vida, em um paraíso celestial é o ideal islâmico, a recompensa! Diante das dificuldades, limitações e miséria em que vive a maioria, e em especial as facções radicais, o paraíso soa como um oásis em um deserto desesperador.

Existe um contraste entre esta vida e a vida futura, nos jardins de Alá. Enquanto a abstinência social, sexual e material é enfatizada do lado de cá, o oposto é oferecido para os que partem - especial e principalmente para os mártires! Diferente dos demais muçulmanos, que aguardam em um estágio intermediário, o mártir tem passaporte garantido, sem fila de espera! Não ficarão aguardando, em alguma câmara intermediária. Aquilo que se caracterizaria uma vida de luxúria neste mundo será a recompensa para os mártires. O texto sagrado e demais comentários islâmicos transmitem um pomposo conceito de vida pós-morte.

Os mártires são servidos de frutas. Não terão necessidade de plantar ou colher. Tudo já está preparado por jovens formosos. A regalia é infinita, regada de bebidas aromáticas. Os utensílios do paraíso são de pedras e metais preciosos. A infinita calmaria somente é quebrada pela presença incessante de moças virgens. O deleite sexual apresentado é bem diferente do perfil da mulher muçulmana, que precisa cobrir todo o rosto e o corpo. Enquanto a mulher muçulmana, nas facções radicais, não pode estudar ou trabalhar fora de casa, as moças do além são o divertimento celestial. O número de tais beldades pode chegar a cem.

Reposta cristã aos muçulmanos

O ideal cristão é que nos amemos uns aos outros, assim como o Mestre e Senhor Jesus nos amou, doando a sua vida pelo próximo (Jo 13.34), e não tirando a vida de inocentes, usando qualquer meio de violência (Mt 26.52). Esse amor somente é possível porque Deus, o verdadeiro Deus, é amor (lJo 4.8). E o amor de Deus foi de uma grandeza infinita que Ele trouxe seu Filho unigênito ao mundo (Jo 3.16). Esse amor também nos capacita, por meio de Cristo Jesus, que nos da a liberdade de chamar Deus de Pai (Mt 6.9; Rm 8.15). O evangelho produz fruto e não radicalismo e racismo. Produz o verdadeiro fruto pelo Espírito Santo (GI 5.22,23). O verdadeiro Deus não está distante de seu povo, mas habita com o homem (Ef 2.22; Ap 21.3).

O evangelho de Cristo atravessa todas as culturas do mundo sem destruí-las. Não é um evangelho de usos e costumes, mas de fé e vida cristã (Mt 24.14). O evangelho respeita as autoridades governamentais (Rm 13. 1) mesmo aquelas que dificultam a divulgação da Palavra de Deus. O evangelho é pregado com fervor, mas com espírito conciliador e manso (1 Pe 3.15,16). O cristão espera um galardão, mas este galardão não é carnal, imoral; antes, é espiritual, segundo o caráter do Filho de Deus (Rm 8.29).

O verdadeiro paraíso é o céu bíblico e cristão. Não é um lugar de orgia, mas de santidade (Ef 5.5). O cristão tem paz com Deus (Ef 4.7). E o testemunho do Espírito Santo em seu coração testifica que ele é filho de Deus (Rm 8.16). O cristão não tem temor de ser esquecido ou rejeitado por Deus por causa de algum capricho. Não! O Deus v é fiel (1 Co 1.9). O evangelho não é austero. Pelo contrário, ensina ao cristão a usufruir as boas coisas da vida, desde que esteja atento ao bom juízo (Ec 19.11). Finalmente, o evangelho ensina a vencer o mal com o bem (Rm 12.21).

Jesus, o Messias, e aquele que cura os doentes e ressuscita os mortos (ver Surata 3:45 e 5:1 1 0) ama profundamente os muçulmanos. E neste momento em que o mundo nutre ódio por eles o Senhor lhes dirige um olhar de ternura, convidando-os para seus braços: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). Quando foi que Maomé proferiu palavras como estas, ditas por Jesus? Assim, jamais ele (Maomé) pode ser maior que Jesus, o Filho amado de Deus.

Satanás tem erguido muitas muralhas para impedir que os muçulmanos abram o coração para o evangelho de Cristo. Barreiras políticas e nacionais foram criadas entre os cristãos e os muçulmanos através da história. Além disso, as Cruzadas Católicas dos séculos 11 e 13 formaram feridas profundas de amargura nos árabes e mancharam o cristianismo na visão dos muçulmanos.

Oremos pela Igreja em todo o mundo, especialmente para a que se encontra em nações muçulmanas.

Oremos para que a Igreja tenha força, coragem, determinação, ousadia e proteção para os crentes.

Oremos pelos perdidos. Muitos muçulmanos estão se aproximando do Senhor por meio de sonhos e visões.

Oremos por uma revelação divina aos líderes-chave dos muçulmanos para que eles vejam Jesus como Ele realmente é.

Oremos por misericórdia para as nações em conflito e pelos refugiados de guerra.

Logo virá o Príncipe da Paz, Jesus Cristo nosso Senhor. Então, o mundo será governado num reino tranqüilo: "Justiça e juízo são a base do seu trono; benignidade e verdade vão adiante de ti" (Si 89.14). E "Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça'(2 Pe3.13).OREMOS PELOS MUÇULMANOS!

Maranata!

Notas:

1 Jihad é o termo árabe que pode ser traduzido por esforço pela causa santa do Islã, inclusive a luta armada, se preciso for.
Mohwmad, o mensageiro de Deus. Certo de divulgação do Islã para América Latina, pp.150,151
2 lbidem, pp. 172,173
3 The life of Mohammad, p.675
4 Book Of The Major, Classes (Vol.ll)- p.32
5 Alcorão Sagrado, versão portuguesa diretamente do árabe por Samir El Hayek, diretor, do Centro lslâmico do Brasil e coordenador dos assuntos lslamicos da América Latina, Tangará-Expansão Editorial S. A, 2a. edição 1977
6 The life of Mahammad, p.673
7 Os direitos humanos no Islã. Centro de divulgação do Islã para a América Latina, pp.25 e 26